23.8.09

Lira dos meus fucking 20 anos.

Olha só, eu tenho 20 anos. Sempre, toda a minha vida, andei com gente mais velha, mais sabida, mais esperta e tal. Acho que isso cria uma ilusão coletiva, sabe. Que eu tenho capacidade pra acompanhar e tal. Em alguns aspectos, talvez, de vez em quando, quem sabe. Mas gente, minha gente, eu só tenho 20 anos. Meus amigos 10 anos mais velhos do que eu, quando tinham a minha idade, me veriam brincando de Barbie, sei lá. Amo meus amigos independente da idade deles. Mas façam o favor de compreender que eu tenho SÓ 20 anos e posso ficar de merdinha às vezes. Dar chilique. Gastar mal o dinheiro que ganho de mesada. Gastar tardes e tardes fazendo nada absolutamente útil. Brincar de ser responsável é legal, eu gosto de estudar, fazer minhas coisas com meus amigos gente grande, me sentir gente grande, agir como uma. Mas é um teatrão, de vez em quando, ter que segurar as lágrimas quando eu quero APELAR como uma criança irresponsável, uma adolescente birrenta, um adultinho mimado que ainda não levou na cara. Não levei na cara. Estou levando ainda. Compreendam. Preciso de colo. Chorar desesperadamente sem motivo no meio da madrugada na Praça da Liberdade no ombro de um amigo que não faz A MENOR IDEIA DO QUE ESTÁ ACONTECENDO. E nem eu fazia na época. Hoje eu repetiria a cena do mesmo jeito, com motivos diferentes que eu talvez só conheça daqui a seis meses. Mas enfim, o que eu quero dizer é que tá tudo muito errado, não podem me impedir de me sentir na fossa dos meus 20 anos porque, meus amores, é exatamente aqui que eu estou.

Na. Fossa.

13.8.09

Coadjuvantes

Se repararmos agora nos pés da nossa protagonista, veremos que o direito se esconde atrás do esquerdo, enquanto repousa o queixo à mão. É que ela esperava e achava graça, e das graças que guarda esperar, a maior bem seja a sensação de que não vem. O que está hoje lhe é tão essencial que é como se nunca fosse embora e ali sempre estivesse estado. Por mais que ache que não vem, virá. E o que está, vai embora. E ainda que queira que perdure, à protagonista não cabe produzir as vontades alheias de ir e ficar. Nos pensamentos acima do queixo acima da mão acima do cotovelo que se sustenta na mesa em que tudo acontece, ela sabe dizer de algum destino incontrolável. Espera e teme a grande troca, enquanto inventa um jeito de fazer algumas coisas ficarem. Ainda que outras precisem nunca vir.


I'm not quite sure what I'm supposed to do. Do do do... do do do oh oh.

10.8.09

Cranberries

I have decided to leave you forever, I have decided to start things from here. Thunder and lightning won't change what I'm feeling. And the daffodils look lovely today.

5.8.09

Fan Fiction Live Action

Funciona assim. Você é um personagem nesse mundo, com direito a perícias, recursos, contatos, e etc, etc, etc. E temos essa vida, em bilhões de mapas, com itens e NPCs. Às vezes perdemos o controles dos nossos personagens, e aí que os nossos fãs (!) resolvem tomar o controle das nossas histórias e inventam coisas absurdas para dar continuidade ao enredo.

Aquelas frases que você nunca diria, os lugares que você nunca iria, todas as coincidências que você simplesmente não acredita que possam ser reais, as coisas que você não faria (por incapacidade, inabilidade ou franguice mesmo), entre outros.

É um jeito que a vida inventou pra dizer que nem tudo precisa ser do jeito que deveria ser.

1.8.09

Cravo e Garoa

As ruas de São Paulo têm cheiro de Gudan. Por aqui, se anda em linha reta, com o vento frio cortando o corpo quente, cruzando o passo com pessoas que só se olham pra pedir fogo, pedir fumo. A cidade toda parece fumar, e os prédios são cinzas de todos os tons, todas as variações de frio. São Paulo é úmida, as paredes e janelas parecem chorar pela falta de cor, pelo sufoco desesperado dessas pessoas presas dentro de si, fascinantes desconhecidos que me fazem temer perguntar as horas.

A cidade não é minha, mas eu não me sinto intrusa ou turista. As ruas parecem aceitar que eu seja de fora, porque aqui em São Paulo todo mundo é de fora. É de fora do outro, é de fora de qualquer tipo de padrão que possa existir. As pessoas só são. São nada. E eu continuo pegando meu metrô, calada, quase cinza, encapotada, quente e fria, cansada, vazia e realizada.

O vento quente de São Paulo é o do corredor do metrô. Quando o trem passa e move a massa de ar que levantava minhas saias em 2004 e bagunça meus cabelos até hoje. Um caso de 5 anos, uma história mal resolvida, e falta lugar porque lugar me sobra.

E eu, camuflada de paulistana, calada, quase cinza, vivendo meus caminhos. Não se olha pro lado, não se fecham os olhos. O cheiro forte invade qualquer pensamento sobre a desproporção dos prédios e das faixas da avenida, os carros são formiga e nós não somos nada. As pessoas são nada às seis da tarde. São volume, são barulhos, são movimento e só. Mais pessoas que cheiram a cravo e emanam algum calor e fumaça no meio do gelo e do silêncio que haveria se elas não houvesse. Mas há.

As ruas de São Paulo têm cheiro de Gudan.