20.5.09

Sonhos

Estava na terra dos prédios-caixa, com suas garagens expostas e os campos nem tão verdes. Números e letras como referências; N, 10, J, 1. Invisível, entrou no quarto. Olhava pro cara sentado atrás da mesa, que olhava para onde ela estaria. Quando o medo tomou conta e a invisibilidade foi questionada, virou as costas e saiu. No quarto anexo, esperou. Os passos atrás denunciaram: ele a vira. E mais! Fora atrás dela. Mas foi só os olhos se encontrarem para que os braços se abrissem e ela pulasse. Pulou e se agarrou a ele, com as pernas na cintura, mão na nuca e soluços. Depois, a dor e a surpresa e as verdades e as muitas lágrimas. Daí o problema. Não tinha mais espaço pra ele. Não na terra dos prédios-caixa, mas na vida dela. Sentaram-se e deliberaram sobre como resolver. Aí ela percebeu que tudo aquilo era um sonho. Acordou e sentiu-se aliviada por ser invisível de verdade. Pois passaria tantas vezes quisesse no quarto e o cara sentado atrás da mesa jamais levantaria os olhos. Sem dor, sem surpresa, sem verdades e, acima de tudo, sem lágrimas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário